quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A máquina

O filme “A Máquina”, do diretor pernambucano João Falcão, brinca com nossas idéias e nos dá novas perspectivas diante de coisas tão simples. O longa nos faz embarcar em uma aventura cheia de originalidade, amor e suspense. São diálogos e narrativas envolventes, criativos e inteligentes que embalados por um ritmo compassado fazem uma história irreal sedimentar-se em nossa imaginação. Apesar de apresentar algumas falhas, a obra como um todo é um belíssimo exemplo de cultura regional, imaginativa e fantástica.
O enredo é acompanhado de músicas incorporadas de maneira nova e original, de um colorido nas roupas, nas fantasias e nas palavras. O cenário é perceptivelmente cenográfico, e acaba por dar ao filme uma proposta bem interessante de cunho teatral. A forma dos diálogos e da narrativa só reforça esse sentimento do mundo da dramaturgia dentro do filme. Elementos como esses fazem o longa tornar-se um conto de fadas pernambucano, peculiar e criativo. A ironia está presente nas entrelinhas, em trechos como: "Paraíba não, eu sou de Pernambuco", no romantismo e até no próprio nome da cidade central, Nordestina.
O elenco escolhido agrega um bom gosto à obra de João. Gustavo Falcão se encaixou bem como personagem principal e deu um ar mais natural a narrativa por ser um ator não tão conhecido, além de ser pernambucano, o que nos poupou de sotaques forçados. Famosos também incorporam o elenco, muitos com papéis secundários. Destaque merecido a Paulo Autran, que de maneira espetacular interpretou Antonio, personagem central, mais velho e ainda era o locutor em off. Seu brilhantismo iluminou ainda mais o filme.
Em relação às falhas citadas, uma delas se encontra no início da obra quando Mariana Ximenes, que interpreta o papel de Karina, aparece cantando e dando um ar introdutório a sua história. A idéia, apesar de boa, não gerou um bom resultado, tornando essa aparição artificial. Outros deslizes aconteceram durante o filme, alguns diálogos quebrados ou erros de continuidade, mas o resultado final é maravilhoso para nos atermos a pequenos e pontuais erros.
A iluminação de todo o filme acaba por entrar como um elemento importantíssimo. Às vezes, ela pode até ser considerada como um personagem, ou um cenário. É totalmente adequada e adaptada, ajudando na narrativa e na construção de cenas e de diálogos. É o clima em forma de luz reforçando mais ainda que ao vermos o filmes, viajamos para um novo mundo, "longe que só a gota", mas não longe nos nossos sonhos, apenas longe no espaço real.
Por fim, a máquina é um filme que vale a pena ser assistido, apreciado e contado adiante.



Classificação Indicativa: Livre

2 comentários:

  1. Saudações. Gostaria de propor uma troca de links com este excelente blog. O www.vermelhodeluta.com é dedicado ao Náutico, que acompanho mesmo estando em Manaus/AM.
    Grato pela atenção, aguardo contato.
    fernando@vermelhodeluta.com
    Fernando.

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  2. Lembro de você falando desse filme em Gramado. ;]

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