sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

José e Pilar

Quando li “Ensaio sobre a cegueira”, fiquei imaginando como seria o gênio por trás do sotaque português. Sem dúvida, deveria ser alguém bem interessante de se conhecer e bater um papinho em um fim de tarde.

O documentário “José e Pilar” me mostrou um Saramago do jeitinho que eu pensava: inteligente, engraçado, humano e sensível escritor. De quebra, veio acompanhado de sua mulher e amada, Pilar. Outro ser humano fantástico que tive muito prazer em conhecer. (...)
Placa da Rua Pílar Del Río, que cruza com a Rua José Saramago em Azinhaga, Portugal.

A intensa vida do casal é representada em lindas fotografias, diálogos prazerosos, inteligentes e divertidos. É o dia a dia, são os pensamentos e, principalmente, o amor. Mais de duas horas de filme que nos levam a reflexões e nos desnudam em frente a dois seres sensíveis e fortes. Despertam o choro e o riso, em passagens doces, descontraídas, fortes.
Vemos o trabalho em cima de seus romances, a agenda cheia de eventos e formalidades. A doença maldita, o recuperar esperançoso. A vida que é vivida, mas que sabemos, e ele mais do que todos, que tem uma data certa para chegar ao fim. E ai não existe espaço para o medo.
José e Pilar, Pilar e José. A ordem dos nomes não carrega importância. Vemos dois protagonistas. O diretor Miguel Gonçalvez Mendes trouxe à tona a personalidade de ambos, de maneira simples, real. Temos uma produção grandiosa, imagens que ultrapassam a questão da beleza e uma trilha musical agradável e romântica, como ela bem merecia que fosse.
Melhor ainda é descobrir que por trás desse belíssimo filme, existem toques conhecidos e que a gente, então, entende o porquê do resultado final ser tão rico. Fernando Meirelles é um dos grandes nomes os quais posso citar, o restante vocês podem conferir aqui.
Ainda bem que José Saramago e Pilar Del Río ousaram um dia se encontrar. Nos presentearam com romances, inspirações, sonhos...com a vida, na sua mais bela concepção.


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